A indústria da beleza está a passar por uma profunda transformação, impulsionada pelos avanços científicos e pela evolução das expectativas dos consumidores. A convergência da beleza limpa, dos cuidados com a pele focados na longevidade, dos cuidados na menopausa, da estética médica, dos tratamentos personalizados e da investigação do microbioma sublinha uma mudança para formulações baseadas em provas e de elevado desempenho. À medida que a ciência cosmética continua a integrar tecnologias de ponta e práticas sustentáveis, a indústria está preparada para oferecer produtos mais eficazes, mais seguros e eticamente responsáveis, alinhando-se com o futuro da inovação cosmética.
A indústria dos cosméticos está a evoluir das reivindicações anti-envelhecimento para uma abordagem de envelhecimento positivo, dando ênfase à saúde em detrimento da juventude. As marcas centram-se na renovação e no brilho, alinhando-se com os desejos dos consumidores de bem-estar e qualidade de vida. Esta mudança apoia o processo de envelhecimento, oferecendo benefícios emocionais e sensoriais através dos cuidados com a pele. Com a expetativa de que a população idosa ultrapasse 1,5 mil milhões de pessoas até 2050, a procura destes produtos está a aumentar, influenciando significativamente o crescimento do mercado.
Longevidade e saúde da pele a longo prazo
A crescente atenção dada aos factores ambientais, incluindo a poluição e o exposoma, está a impulsionar o desenvolvimento de novos protocolos de avaliação dos cuidados da pele. A procura de alegações específicas, como a eficácia antioxidante, está agora a expandir-se para estudos mais avançados baseados em biomarcadores. Esta mudança de paradigma sublinha uma transição dos cuidados de pele puramente estéticos para uma abordagem mais abrangente que dá prioridade à saúde da pele a longo prazo. Em 2024, reivindicações emergentes como "regenerador", "reafirmante" e "reparador" ganharam proeminência, no seguimento da procura duradoura de produtos "anti-envelhecimento". Esta evolução é paralela ao aumento das metodologias de testes clínicos que adoptam o conceito de "bom envelhecimento" - uma abordagem centrada na manutenção da saúde da pele, da beleza natural e do bem-estar geral, em vez de se limitar a combater os sinais de envelhecimento. Os consumidores preferem cada vez mais produtos que ofereçam benefícios sustentáveis e a longo prazo, reflectindo uma perspetiva mais equilibrada e cientificamente fundamentada do envelhecimento.
Inovações nos cuidados da pele pós-menopausa
O desenvolvimento de fórmulas de cuidados da pele especificamente adaptadas às mulheres na menopausa reflecte uma maior consciência das suas necessidades dermatológicas e fisiológicas únicas. Esta transição significa uma transformação social mais ampla, em que a menopausa deixou de ser um tabu e passou a ser um fator integrante das estratégias de desenvolvimento das marcas. O declínio dos níveis de estrogénio induz alterações significativas na pele, incluindo a redução da densidade e da elasticidade, o aumento da secura, a renovação celular mais lenta e a diminuição da produção de colagénio e de ácido hialurónico. Em resposta, a indústria cosmética está a formular produtos específicos concebidos para melhorar a hidratação, atenuar a inflamação e contrariar o stress oxidativo para reforçar a barreira cutânea. Além disso, os cuidados com a pele na menopausa estão a adotar uma abordagem holística que integra tratamentos tópicos com nutracêuticos para promover o bem-estar geral. Esta convergência de cuidados externos e internos destaca um compromisso com soluções abrangentes e cientificamente orientadas que abordam tanto os aspectos estéticos como funcionais do envelhecimento da pele.
Medicalização dos cuidados com a pele
Os consumidores procuram cada vez mais cuidados de pele com eficácia clinicamente comprovada, fundindo a cosmética e a estética médica. O aumento de tratamentos não invasivos, como a toxina botulínica e as terapias a laser, influencia os avanços cosméticos, particularmente nos cuidados pré e pós-procedimento com formulações regenerativas. Os dermocosméticos são atualmente submetidos a rigorosos testes in vitro, ex-vivo e clínicos para garantir a sua eficácia e segurança. Esta mudança exige padrões de qualidade farmacêutica e uma comunicação transparente dos resultados cientificamente validados na indústria cosmética.
Personalização e diagnósticos avançados
O advento da inteligência artificial (IA) e das tecnologias de ponta de diagnóstico da pele - como a imagiologia 3D, a espetroscopia e a análise biométrica - permitiu soluções de cuidados da pele altamente personalizadas. As linhas de produtos inspiradas na dermatologia estão a aproveitar o perfil do microbioma, o rastreio genético e os diagnósticos baseados no ADN para desenvolver protocolos de tratamento personalizados. Esta abordagem orientada para a precisão permite que os consumidores recebam fórmulas personalizadas que tratam das suas condições cutâneas únicas, optimizando os resultados terapêuticos e reforçando a confiança dos consumidores em soluções de beleza com base científica.
O campo em expansão da investigação do microbioma
O interesse científico no microbioma tem-se intensificado, enfatizando o seu papel fundamental na saúde da pele. O microbiota compreende diversos microrganismos na pele, enquanto o microbioma inclui estes organismos, o seu material genético e as interações com o hospedeiro. Esta perspetiva sublinha o papel do microbioma na homeostasia da pele e na modulação imunitária. Os avanços na investigação estão a promover inovações nos cuidados da pele com prebióticos, probióticos e pós-bióticos para reforçar a resiliência cutânea.
Biomarcadores e análise ómica
Em 2025, os avanços na análise dos biomarcadores da pele através de uma amostragem avançada da pele estão a revolucionar a ciência cosmética, permitindo uma compreensão mais profunda da fisiologia cutânea e da eficácia dos produtos a nível molecular. Estudos multiómicos de ponta permitem uma caraterização abrangente das condições da pele, facilitando a identificação de assinaturas moleculares. As inovações nas tecnologias ómicas (genómica, transcriptómica, proteómica e metabolómica) e nas técnicas ópticas não invasivas, como a LC-OCT, a espetroscopia Raman e a microscopia eletrónica ou confocal, estão a impulsionar a avaliação do desempenho de cuidados da pele altamente específicos com uma precisão sem paralelo.
O processo do exposoma para além dos mecanismos de senescência
O envelhecimento da pele é influenciado por factores intrínsecos e extrínsecos, incluindo exposições como a exposição solar e a poluição, e o relógio biológico regido pela genética. Os sinais de envelhecimento, como o adelgaçamento e a secura da pele, variam consoante o fototipo. Os raios UV induzem danos na pele através do stress oxidativo. Os tratamentos de longevidade melhoram a circulação, estimulam o colagénio e redefinem os contornos utilizando ingredientes hidratantes e esfoliantes. Estes tratamentos têm impacto na fisiologia da pele, particularmente nas trocas epiderme-derme-hipoderme. Os estilos de vida modernos impulsionam a integração de tecnologias avançadas, como a genómica e a IA, no desenvolvimento de soluções de cuidados da pele direcionadas, cumprindo as normas regulamentares e as necessidades dos consumidores.
Os estudos sobre a perceção da idade da pele
Olhando mais de perto para o domínio dos produtos anti-envelhecimento, estes constituem a categoria mais abundante e mais precisamente direcionada dentro da oferta de cosméticos. Estes produtos, para além de variarem em termos de estatuto regulamentar nas diferentes regiões, alegam geralmente efeitos múltiplos em vários mecanismos:
- Visam alvos específicos como o relevo cutâneo, o colagénio, a comunicação celular e a junção dermo-epidérmica.
- Estes tratamentos tratam áreas localizadas como os pés de galinha, as rugas de leão e os contornos do rosto.
- Também se dirigem a diferentes profundidades da pele, quer se trate da epiderme, da junção dermo-epidérmica ou da própria derme.
Além disso, estes produtos estão interligados em diversos mecanismos que envolvem células e bioquímica, abrangendo microbiota, queratinócitos, fibroblastos, melanócitos e receptores nervosos.
Para além das melhorias convencionais na superfície e estrutura da pele, os cuidados de pele adaptados à pele madura também prometem melhorias no bem-estar emocional e nas propriedades sensoriais. No entanto, os sinais visíveis do envelhecimento continuam a ser meticulosamente estudados como prova tangível da eficácia do produto.
Estes produtos prometem restaurar a elasticidade dos tecidos, redefinir os contornos faciais e aumentar o volume e a firmeza. O significado de sinais específicos de envelhecimento varia consoante as diferentes etnias. Por exemplo, nas populações asiáticas, o tom de pele, o tom baço e a hiperpigmentação são normalmente considerados sinais de envelhecimento, ao passo que entre os caucasianos, as rugas à volta dos olhos e na testa têm mais importância. Além disso, a flacidez à volta da boca e da linha do maxilar tende a ser observada mais cedo em algumas etnias.
O espetro de alegações anti-envelhecimento é amplo, abrangendo noções como firmeza, luminosidade, anti-flacidez, efeitos energizantes, melhoria da função de barreira, aumento da renovação celular e redução das manchas de senescência.
Os sinais de envelhecimento da pele podem ser classificados em vários aspectos:
- Problemas de cor e pigmentação da pele, como a vermelhidão, o tom, a luminosidade, as manchas da idade e as olheiras.
- Preocupação com a topografia e o relevo da pele, incluindo pés-de-galinha, linhas de sulco, rugas no lábio superior e sob os olhos e rugosidade da pele.
- Variações da estrutura da pele abrangendo a espessura, a junção dermo-epidérmica e a função de barreira.
- Alterações de volume no rosto, flacidez nasolabial ou linhas do sorriso, inchaço e pálpebras.
- Propriedades biomecânicas como a firmeza e a elasticidade.
Estas delimitações ajudam a captar a natureza multifacetada do envelhecimento da pele e a gama diversificada de preocupações abordadas pelos produtos de cuidados da pele anti-envelhecimento.
Nos últimos anos, os cientistas têm vindo a destacar cada vez mais a relação entre a pele e o cérebro como uma relação constante, profunda e complexa. Esta relação manifesta-se em interações múltiplas e bidireccionais através de sinais bioquímicos, eléctricos ou neuronais em resposta a uma variedade de ambientes psicológicos e externos, incluindo o stress e as emoções. Nos processos imunitários, a pele trabalha em estreita colaboração com o cérebro para modular as respostas e as informações transmitidas.
As várias formas de objetivar as afirmações sobre o anti-envelhecimento
As marcas de cosméticos têm uma oportunidade valiosa de comprovar os efeitos pró-envelhecimento através de medidas biometrológicas e científicas rigorosas. A realização de estudos de eficácia está em conformidade com as regulamentações de diferentes regiões do mundo, com os cosméticos europeus a aderirem às diretrizes comuns do Ficheiro de Informação do Produto (F.I.P.).
Para apoiar as alegações dos produtos, é essencial a adesão a seis critérios comuns (conformidade legal, veracidade, suporte probatório, honestidade e segurança, justiça e equidade, tomada de decisões informada), embora existam normas específicas para a análise sensorial e o índice de proteção solar (cf. ISO). Orientações como a EEMCO e as Boas Práticas Clínicas fornecem enquadramentos para os testes em seres humanos, garantindo a proteção dos consumidores contra alegações enganosas e defendendo a credibilidade da indústria.
No domínio da "Longevidade", o conceito de "anti-envelhecimento" dá lugar ao de "pró-idade" ou "idade simples", considerando a condição da pele de forma holística. A avaliação das propriedades dos produtos envolve uma abordagem sensorial, por vezes neurosensorial, e holística. O impacto na qualidade de vida, nas sensações e nos sentimentos é medido, com os investigadores a seleccionarem testes de cinco categorias principais: testes de consumo, análise sensorial ou emocional, estudos biometrológicos e pontuações clínicas. As concepções dos protocolos combinam frequentemente duas ou três categorias para avaliar um produto de forma abrangente.
Estão disponíveis vários dispositivos que facilitam avaliações quantitativas, semi-quantitativas ou de imagem para diferentes objectivos de cuidados da pele, oferecendo vários métodos de validação do desempenho do produto. Os investigadores concebem protocolos multiparamétricos com base nos efeitos cutâneos específicos que estão a ser estudados.
Independentemente da escala do estudo, as técnicas biometrológicas dão prioridade à aquisição de dados precisos, ao reposicionamento ótimo, à alta resolução, ao tempo de captura rápido e aos sistemas de rotação automatizados para garantir a precisão. É crucial que os investigadores colaborem estreitamente com as Organizações de Investigação Contratadas (CRO) para conceber meticulosamente protocolos, definir critérios de inclusão, estabelecer prazos de medição, condições de tratamento e selecionar os dispositivos ideais. Investir tempo na preparação destes elementos essenciais nunca é desperdiçado; garante a integridade e a fiabilidade dos resultados do estudo.
Anne Charpentier, Esfoliantes
